A vida moderna aumenta cada vez mais o ritmo e encontrar momentos de calma torna-se um verdadeiro desafio. Descobri, através da minha própria experiência, que um hobby pode ser uma chave para abrir as portas do equilíbrio mental e do bem-estar, uma das várias que existem por aí.

Despertando a Criatividade Interior

Quando abracei as artes decorativas como um hobby comecei pelo ponto cruz, sem saber que esta simples escolha se iria transformar num refúgio pessoal. Nesta correria diária esquecemo-nos de como é importante ter os nossos momentos, em que não temos que pensar nos problemas, apenas no que estamos a realizar naquele momento, para nosso prazer.

Ainda gosto tanto do ponto cruz mas, infelizmente, por causa de uma tendinite que está sempre a regressar acabei por não aguentar mais e deixei mesmo de fazer, pois as dores são maiores que o prazer que me dá o resultado final. Na busca de outra atividade criativa acabei por encontrar a decoupage/técnica do guardanapo e fiquei rendida com a simplicidade de transformar peças em objetos bonitos, de forma simples.

Mais tarde, quase por brincadeira, fui a um workshop de scrapbooking, quando ainda nem se vendia material de scrap em Portugal (mandava vir tudo de França...) - aí sim, foi como uma verdadeira revelação. Combinar papéis, decorações diversas, tudo o que se quiser, e fazer álbuns de fotografias personalizados (e não só, claro) - para mim são momentos mágicos.


Arte

Transformando o tempo em terapia

Às vezes, a melhor terapia é aquela que vem das nossas próprias mãos. Ao dedicar tempo aos meus hobbies percebi que não criava apenas algo visualmente atraente, mas também construía um espaço mental tranquilo. Cada projeto era uma pausa consciente, uma jornada terapêutica, no meio deste caos diário. Tudo em volta se silenciava, pois o que interessava era aquele momento em que estava "com as mãos na massa".

A rotina diária consome-nos, acumulamos problemas e a cabeça não descansa verdadeiramente. É de maior importância encontrar um espaço seguro, onde se tenha o nosso momento de paz, e acabei por consegui-lo através dos meus hobbies. É como se cada momento investido nestas atividades fosse, na realidade, um investimento na minha própria saúde mental. É a minha terapia.

Transformar o nosso hobby numa atividade lucrativa?

Primeiro começamos por puro prazer, oferecendo as nossas criações. Os amigos gostam e começam a pedir também, para oferecer a outras pessoas – damos por nós, e uma atividade meramente amadora, pode tornar-se um potencial negócio!

Aqui surge um risco – o termos de fazer, muitas vezes por obrigação, uma vez que, se é para vender, temos de cumprir os prazos que acordámos, muitas vezes sabendo que não tínhamos tempo para mais nada, mas não queríamos deixar a pessoa na mão.

Nessa altura o hobby pode voltar-se contra nós, em termos de bem-estar mental – afinal passa a ser fonte de grande stress. Há alturas destas, por exemplo, o Natal, com aqueles pedidos de última hora, de todos!

A chave está em encontrar um equilíbrio saudável entre a nossa paixão criativa e as nossas responsabilidades. Sabemos que aquele pico de loucura irá passar, mas devemos também avaliar se vale a pena ficarmos tão esgotados ou será melhor dizer “não aguento mais física e mentalmente, não posso aceitar mais pedidos”.

Neste caso o benefício não é o destino final apenas, é também a jornada até lá chegar, e chegando a esta fase isso desaparece.

Conclusão: o poder transformador dos hobbies

Em última análise, e tendo em conta apenas a minha opinião e experiência, os hobbies podem ser uma ferramenta valiosa para o bem-estar mental.

Mas não são nunca uma obrigação - se se sente na obrigação de fazer algo, então deixa de ser um hobby, não irá retirar prazer dessa atividade e, pode passar, apenas, a ser o seu trabalho.

Experimente dedicar algum tempo do seu dia à expressão criativa. Pode descobrir que, assim como eu, este tipo de atividade tem o poder de serenar o espírito e acalmar a mente.

E se começar uma atividade nova claro que não vai sair perfeito e o que é bom para mim não será para os outros - mas ter um hobby, seja ele qual for, vai ajudá-lo a pacificar o dia-a-dia moderno e trazer-lhe paz interior. Só tem que descobrir o certo para si.

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